sexta-feira, 8 de agosto de 2008

"Esperança"

Esse é um texto que se refere a nossa ESPERANÇA!

Certo dia nasceu uma menina, não era clara como a Branca de Neve, nem tinha os olhos negros de jabuticaba. Seu nome não era Maria, tampouco tinha um irmão chamado João. Madrasta má em sua história não existia, porém, esta, era cheia de amor e alegria. Seu palácio era feito de barro, tinha dois quartos, cozinha e banheiro. Princesa para ela, somente em contos de fada.
Essa garotinha cresceu, sofreu e aprendeu. Aos 17 anos ela já tinha cuidado desde passarinhos machucados até crianças abandonadas. Já havia sofrido pela perda de um ente querido, e amado um desconhecido.Por onde passava deixava sorrisos, onde ficava ela alegrava. Pequenina, com todo o seu jeito meigo de ser, seus cabelos esvoaçantes, olhos brilhantes e nitidamente um sorriso contagiante. Não tinha medo de lutar, muito menos receio de perder ou falhar. Cada dia vivido se tornava uma vitória. Cada vitória alimentava mais seu entusiasmo.Alguns diziam que ela era um anjo, outros que era uma fada. Nem um, nem outro, era apenas uma garota querendo fazer o bem.
Chateava-se freqüentemente e ninguém nunca entendia o porquê, como uma garota tão contente poderia ter tantos momentos de tristeza?! Alguns achavam que era a doença da mãe, outros, que era a velhice do pai, mas isso não a afetava realmente. Mas sim, o fato de não ter como auxiliar os outros em uma dimensão maior. Era fácil, em sua cidade, dar um doce a uma criança, um abraço a um idoso, apoio e ajuda a um indigente e socorro a um ferido. Porém, sua cidade era minúscula perto do mundo afora.Toda dia saía no jornal mais notícias de um novo desastre, tragédia, abandono. Ou seja, fatos que a deixavam mais cabisbaixa por não poder fazer nada para reverter essa realidade. Ela queria poder fazer mais por aquelas pessoas, pelas crianças abandonadas, fazer com que acreditassem no que já não havia mais esperança. Fazer jus ao apelido de anjo e mudar tudo como se realmente fosse uma fada.
Um dia ela percebeu que a essência de todas as coisas que fazia era a alegria. O seu sorriso iluminava o próximo, e o dele, lhe dava cada vez mais força para continuar. Assim, ela colocou em sua mente que, com isso, iria mudar o mundo. Em sua teoria ela apenas facilitaria o caminho que as pessoas precisavam percorrer, e assim, encontrariam em si as respostas que já estavam lá há muito tempo. Portanto, sorririam felizes para sempre!
Por dias ninguém a viu, ficou trancada em seu palácio agindo misteriosamente. Algumas amigas entravam e saíam, mas nada era dito. Cidade pequena, fofoca grande. Teve até um velho caduco que encasquetou que ela tinha morrido e ido pro céu, lá realmente era o seu lugar. Mas não, ela estava viva, e muito viva por sinal. No dia em que apareceu novamente, estava com uma mochila nas costas, alguns folhetos na mão e, como sempre, um sorriso no rosto. Seus pais lhe deram até logo e desejaram boa sorte. Ela, confiante, saiu, deu adeus à cidade, distribuiu os folhetos e foi embora.
Por tempos permaneceu distante, seus pais diziam que estava tudo bem, e que recebiam noticias suas semanalmente. A cidade toda a adorava e sentia muito a sua falta. Lá, todos, por pior que estivessem, sorriam em consideração a ela e ao pedido que ela deixara em seus panfletos:
“Ao sentirem vontade de chorar, por tudo parecer dar errado e ao se depararem com o fundo do poço, lembrem-se que eu estarei sorrindo. Ao se perguntarem por que estou sempre confiante, saibam que um dia, um de vocês sorriu para mim. O seu sorriso me fortalece para ir adiante, e a cada sorriso recebido, é uma luta que eu ganho, e a cada batalha vencida, é um passo a frente na longa caminhada da vida”.
Meses depois, alguém a encontrou na cidade grande, e disse que ela continuava linda e radiante. Citou também que a viu em uma praça, hora fazendo travessuras com as crianças, hora brincando com os adultos. Todos, naquele instante, entenderam o porquê dela ter ido embora. Juntos, então se alegraram, ao se lembrar de suas palavras, e sabiam, que aonde quer que ela estivesse, com certeza, estaria sorrindo de volta para eles.
Alguns anos depois, saiu a notícia de que ela havia falecido. Fora brutalmente assassinada em um assalto à mão armada. Lá, na cidade grande, eram poucos que sabiam seu nome, mas a idolatravam como “Esperança”.
Nesse dia, o país ficou em choque, e muitas pessoas em luto. Quem não a conhecia, ficou estupefato com a sua história, os que conheciam, choraram a sua morte. Foram muitos os desconhecidos que compareceram ao seu enterro e velório. Seu pai preferiu não prestar uma homenagem pessoal, apenas tirou um papel do bolso e disse algumas palavras: “Esta é uma carta que ela fez para mim, alguns dias antes da tragédia. Não tive nem tempo de recebê-la pelo correio, ela foi encontrada pela perícia, em seu bolso”. Ele colocou a carta toda manchada de sangue em cima do caixão, deu um beijo em sua testa, e saiu.
A carta dizia:“Querido pai, como vão às coisas por aí? A mamãe está melhor? Sinto muitas saudades de vocês. Às vezes me deparo lembrando do tempo em que você carregava em seus ombros e nós brincávamos no parque, era tão bom, não era?! Bom, papai, sinto que nos encontraremos em breve, e espero que esse dia seja especial, alegre e único. Também espero que você saiba o quanto eu te amo!Por que eu não vou embora para casa? Essa história de novo, pai? Eu já te falei e expliquei isso muitas vezes! Eu já fiz tudo o que eu podia fazer aí. Vocês não precisam mais de mim, a minha missão, agora, é aqui!Ah, antes que eu me esqueça, tenho que te contar uma história triste, mas fascinante. Há algumas semanas eu fui visitar um menino que estava no hospital, fiquei sabendo que ele não estava muito bem e que talvez não saísse dessa. Ao chegar lá, eu soube que ele estava em coma há duas semanas, fiquei chateada e entrei em seu quarto para vê-lo. Segurei a sua mão, e fiz uma oração. Numa fração de segundos, eu senti a sua mão apertando a minha, e, assustada olhei para ele, que estava se esforçando para falar. Tentei sair para chamar um médico, afinal, ele tinha saído do coma, mas, ele me apertou e disse ‘Não!’. Com muita dificuldade o garotinho continuou ‘Eu estava com Papai do céu. Ele falou que gosta muito de você, que você é uma pessoa muito boa, e que vai ajudá-lo lá em cima. Assim como eu, você vai embora logo, porque não mereces sofrer, principalmente pelas mãos de quem você tenta ajudar’. Nessa hora pai, eu soltei a sua mão e ele disse para eu não me assustar, que o lugar para onde iríamos era lindo. Que Ele nos queria ao seu lado, pois o mundo era muito cruel para nós, e que o Seu maior erro foi ter um dia nos enviado para lá, com a esperança de que a nossa presença e motivação fosse melhorar o mundo. Eu disse a ele que não queria partir, que o meu lugar era aqui. Mesmo que fosse para sofrer, não me importava, eu queria apenas viver. Então, o menino me olhou e disse que tudo bem, mas que infelizmente, se eu não fosse com ele, naquele instante, eu iria logo, por uma tragédia causada pela ‘erva daninha que eu tentava transformar em flor’. Eu saí de lá chocada, não sabia o que fazer, se acreditava ou não no que eu havia visto e ouvido. Mas, enfim, seja lá o que aconteça, é porque Ele quer. Se ele me deu uma escolha e eu recusei, é porque tinha que ser assim. Mas, por via das dúvidas pai, se eu for embora, diga às pessoas que perguntarem por mim, que eu vou estar bem, que as amo, e que é para elas sorrirem sempre. Um sorriso abre mil caminhos, e por mais que a vida esteja complicada, sorrir não é tão difícil é?! E você pai, quero que saiba que eu sempre vou te amar. Manda um beijo para a mamãe e diz a ela que a amo muito também, e que não é para ela parar de lutar, pois logo ela sairá da cama!É papai, como eu te disse, sinto que nos encontraremos em breve, espero que estejamos rindo dessa carta e situação. Se não estivermos, ria também. Afinal, ninguém nunca foi adiante chorando, a não ser de alegria!Beijos da sua filha que te ama muito!P.S: Aonde quer que eu esteja, pode ter certeza, que eu estarei sorrindo de volta.”
Ao sair do enterro, um jornalista perguntou ao pai da garota se ele não tinha mais nada a dizer, ele fitou-o com os olhos tristes e cheios de lagrimas, mas com um sorriso no rosto e disse “Antes de partir de casa a minha filhe me abraçou e disse que estava saindo para Iluminar a vida de outras pessoas, que ela era feliz transmitindo coisas boas para os outros e que queria poder transmitir isso para todos. Então vamos seguir em frente e fazer o que ela pediu. Vamos, pelo menos, dar sentido a sua vida. Vamos sorrir e iluminar, afinal, se não fosse o fato dela querer ver o mundo inteiro bem, se apoiando e feliz ela não estaria hoje, onde está.”
O jornalista fez uma notícia de primeira página, contando toda a tragédia, e história de vida da menina, e titulou-a com a seguinte frase:
“Esperança morre, mas ilumina sorriso no rosto das pessoas!”
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Espero que tenham gostado, entendido realmente o que este texto quer dizer. Afinal, esperança pode ser uma mocinha querendo fazer o bem ou beeeeeem mais do que isso não?! Beijos aos que leem!